sexta-feira, 29 de outubro de 2010

Preciosa, Uma História de Esperança













Recentemente, por ocasião da disciplina de Supervisão de Estágio I, assisti a esse filme, o que me possibilitou uma reflexão sobre diversos aspectos da questão social.

Ah! O que seria a Questão Social?

Segundo Iamamoto, a Questão social é o conjunto das expressões das desigualdades da sociedade capitalista. O assistente social trabalha nas suas mais variadas expressões quotidianas e, sendo desigualdades, também envolve sujeitos que resistem e se opõem à elas. Portanto, o assistente social trabalha nesta tensão entre produção da desigualdade e produção da rebeldia e da resistência, terreno movido por interesses sociais distintos que tecem a vida em sociedade (Iamamoto,1999, p.27).

CONTEXTO SOCIAL DO FILME


Claireece "Preciosa" Jones é uma adolescente de 16 anos, negra, obesa e analfabeta que mora em New York, no bairro de periferia, o Harlem. A protagonista cresce num lar desestruturado e hostil, sofrendo abuso sexual do pai Carl (Rodney Jackson) e tratada com desprezo por parte da mãe Mary (Mo'Nique). Vivendo sob violência física e psicológica a adolescente encontra refúgio em sua imaginação, onde sonha ser famosa, ter um namorado de pele clara e rico, além de ser amada por todos.
Preciosa encontra-se grávida pela segunda vez do pai, o que ocasionou a suspensão da escola em que estudava. Após uma visita da Diretora Sra. Lichtenstein (Nealla Gordon) em sua residência, Preciosa, se permite a uma nova investida educacional, a “escola alternativa”. A nova escola veio como uma oportunidade de melhorar sua auto-estima e lhe dar mais autonomia. A metodologia do diário utilizada pela professora Sra. Rain (Paula Patton) favoreceu a integração da turma, bem como a reflexão sobre seus valores, crenças, sentimentos e problemas vivenciados.
Em casa, Preciosa é a responsável por cozinhar e fazer a faxina, enquanto a mãe se limita a comer e ver TV. A família vive da renda da Assistência Social, um auxílio desemprego e um benefício para cuidar da filha mais nova de Preciosa que tem síndrome de Down. A criança, apelidada de Mongo, mora com a avó materna, mas retorna sempre que a Assistente Social marca uma visita. No ato da visita a Assistente Social questiona o desemprego de Mary (mãe de Preciosa), ao que a mesma responde que tem procurado, mas sem sucesso. Não se percebe nessa intervenção uma ação investigativa, mas sim burocrática. Faltou nesse atendimento a categoria da mediação. Quem sabe se essa profissional visitasse a família sem antes avisar seria capaz de perceber o real.
Preciosa procura outra Assistente Social, Sra Weiss (Mariah Carey) para o atendimento referente aos benefícios e na conversa deixa escapar a informação de que seus filhos são do próprio pai, o que a impede de continuar recebendo o auxílio financeiro. Depois desse acontecido, volta para escola e de lá para o Hospital, onde nasce Abdul, seu segundo filho. Lá foi tratada com muito carinho pelos profissionais e recebeu visitas de suas colegas de escola.
No retorno para casa, Preciosa é recebida pela mãe com violência, primeiro por ter sido cortado o benefício e segundo por ciúmes do companheiro que engravidou a filha pela segunda vez. As duas brigam e Preciosa sai de casa com o filho, abrigando-se na escola.
Pela manhã, a professora providencia sua própria casa para hospedar a aluna e seu filho. A turma é solidária. Preciosa não entende como pessoas que mal a conhecem podem tratá-la com tanto carinho.
Sua vida está se organizando, quando recebe uma visita da mãe informando da morte do pai por HIV – AIDS. Preciosa questiona a mãe se ela está doente, a mesma afirma que não, pelo fato de não ter praticado “sexo anal” com o companheiro. Neste momento, percebe-se a falta de orientação da mãe quanto às formas de contágio da doença.
Na sala de aula, Preciosa compartilha com a turma a sua condição de soropositiva, bem como toda a situação de desafeto e exploração vivenciada em casa. Expressa sua baixa auto – estima, alegando que ninguém a ama e que o amor só a faz sofrer. A professora afirma que ela e seu filho a amam e motiva – a a escrever sobre o que está sentindo.
O desfecho da história se dá quando a Assistente Social, Sra. Weiss (Mariah Carey) reúne mãe e filha com o objetivo de Preciosa voltar pra casa. Na conversa, a mãe confessa que Preciosa foi abusada pelo pai pela primeira vez aos 3 anos de idade e que não fez nada para impedir, embora não concordasse com tal atitude. Confessa também que tinha sonhos para sua família... Preciosa, resiliente, decide ficar com os dois filhos e viver uma vida feliz.

ANALISANDO A INSTRUMENTALIDADE DO SERVIÇO SOCIAL

Percebe-se na intervenção da Assistente Social, Sra. Weiss, uma atitude crítica, pois a mesma não cedeu diante do suposto “arrependimento” da mãe de Preciosa, no entanto, faltou aí a estratégia da visita domiciliar, onde o profissional pode verificar “In loco” a situação em que vive a usuária. É notável também a ausência de encaminhamentos do Serviço Social diante de tantos problemas, como a gravidez, a exploração sexual, a violência física e psicológica, a AIDS e a situação financeira de Preciosa.
Enfim, no contexto social em que se encontra a protagonista,Preciosa, são muitas as intervenções que o profissional Assistente Social pode realizar, sobretudo a orientação a respeito dos direitos de cidadania e a articulação com a rede socioassistencial local (Acompanhamento da Assistência Social,PSF, Escola, Sec. Saúde, dentre outros)proporcionando ao usuário a capacidade de superação do risco e da vulnerabilidade em que se encontra.




Recomendo o filme!

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